Hora de falar do elefante na sala…ou melhor, no Office!
Notei ao longo de 2024 e 2025 muitas pessoas reclamando das agências de marketing e como estas estão perdendo sua qualidade e impacto real nos resultados das empresas.
Muita gente está até se questionando se ainda compensa ter ou contratar agências nos próximos anos, devido a experiências ruins que tiveram com as agências.
Existem diversos fatores que podem comprovar essa queda na qualidade, mas não quero generalizar aqui, tem empresa competente sim.
Mas o lado ruim da moeda já passou dos 50% (diria que está nos 75%) dessa praga que corroeu as agências pelo Brasil afora.
Resumindo o debate: ainda vale a pena contratar uma agência? Será que ainda faz sentido você ir atrás de uma em 2026 e nos próximos anos?
Mais que um desabafo, esse texto vai ser um alerta para os potrenciais clientes, é claro, mas também um puxão de orelha para os donos de agências que permitiram que o negócio virasse baderna.
Qual minha moral para falar disso? Trabalhei em duas agências e tenho amigos nelas…E é isso.
Sem mais bla bla blá, bora entender o que está pegando e quais as causas da doença.
O problema com as Agências de Marketing hoje em dia
Algo está impedindo o sucesso das agências brasileiras? A fórmula que funcionava antes ficou obsoleta?
A primeira coisa a se fazer é levantar aqui os três problemas centrais, os três elefantes na sala/escritório das agências:
- Sucateamento da mão de obra;
- Foco surreal em entregáveis, tanto por parte do dono quanto do cliente;
- Em 70% dos casos, é um negócio falido (explico abaixo)
Se você analisar friamente o tema, vai perceber que as causas centrais daquilo afirmado no título estão nesses 3 tópicos.
Qualquer ponto ou afirmação é desencadeada desses três “Pilares” que destruíram as agências no Brasil.
A Pejotização ou sucateamento dos colaboradores vem matando esse mercado, uma vez que os social medias e demais componentes de uma agência de markeitng dificilmente sobrevivem somente com um emprego, ainda mais PJ.
O desespero recorrente de suas vidas e ao salário precário tornam esses trabalhos algo visto como temporário, pois ninguém consegue ou deseja ter um subemprego (mesmo que remoto, de casa) por muito tempo.
Nas agências o que importa não é mais o impacto real das estratégias das agências, mas sim a quantidade de posts, campanhas e relatórios entregues.
A lógica virou industrial: quanto mais peças publicitárias, melhor. O problema é que essa mentalidade mata o pensamento estratégico.
As equipes deixam de ter tempo para pensar, testar, ajustar, aprender com dados. Tudo vira corrida por volume, e não por valor.
O cliente, por sua vez, é levado a acreditar que está sendo bem atendido porque recebe muitos arquivos, mas na prática, o retorno sobre investimento é cada vez mais questionável.
Um simples exercício de growth hacking não consegue ser feito pelas agências, que é o cálculo e identificação do que faz perder dinheiro e o que faz ganhar dinheiro.
Tudo é feito no pulo do louco e na correria, sempre apagando incêndios com clientes insatisfeitos ou com campanhas atrasadas, eis o dia a dia desse cidadão que trabalha com isso.
O tal do “negócio falido”
Talvez você tenha entendido errado meu ponto.
Tem dono de agência ganhando muita grana. Ele não está prestes a falir ou a fechar sua empresa.
O problema da agência de marketing hoje é que isso somente dá certo quando o colaborador é explorado, ganhando o mínimo do mínimo.
Não tem como o modelo de negócio nos dias de hoje (no passado não era assim) dar certo sem jogar lá embaixo o salário da galera, da maneira mais porca possível.
E as agências se tornaram um tipo de empresa comodity, com vários CNPJs oferecendo esse tipo de serviço, tendo uma oferta maior que a demanda.
isso faz com que as agências fiquem hoje implorando para conseguirem novos contratos, o que faz com que abaixem seus preços de forma suspeita e não realista, fazendo com que a conta não feche em soma com os outros problemas (múltiplas contas para cuidar, pouco foco e carinho das equipes sem tempo e perspectiva de crescimento).
Desse modo, fechar contratos é um exercício sofrido, onde é preciso fazer apresentações malucas e com preços irrisórios para que um cliente fique um ano com você, sendo que 50% daquilo fica com os sócios e o restante com uma equipe desgastada até o osso…
Daqui que vem a conclusão que esse é hoje um negócio falido: Ele só dá certo tendo muitos clientes que tem um budget ruim, e os colaboradores são mal pagos, criando um ciclo ruim de precarização e de serviços parcialmente sendo feitos ou entregues, basicamente para inglês ver (ou o dentista e pequena empresa que vem encher o saco todo mês da equipe por não ter resultado algum com mídia paga e Instagram).
Qual a receita do bolo que vai continuar afundando essas empresas, e qual o remédio para isso tudo?
A Pejotização e as equipes que ficam mais rodadas que mulher do job devido ao alto turnover são a fórmula para o inferno astral desse ramo, o qual não vejo uma saída a não ser uma possível extinção ou adaptação das agências de marketing.
Os gestores e donos de agências vão continuar pagando mal uma vez que não conseguem pagar bem ou oferecer os direitos completinhos de um CLT.
Já os clientes, esses vão continuar a quebrar seus contratos e não renovar com as agências, por perceberem que os “milhões” que gastaram no decorrer de 6 ou 12 meses foram para o beleléu.
Essa “receita do bolo” vai fazer com que mais pessoas desistam de contratar as agências, e algumas delas vão deixar de existir ou vão continuar a procurar clientes anti-premium os quais são necessários ter em dezenas para a conta fechar no final do mês.
Acredito que uma boa maneira de se adaptar em um cenário como esse que descrevi, seria a capacidade de melhorar a régua da agência, indo atrás de cases e clientes maiores, evitando contratos bunda que só servem para acumular tarefas e gerar estresse internamente.
Dessa forma, a agência pegaria melhores contratos, ainda que em menor quantidade, e poderiam pagar melhor seus colaboradores, e quem sabe, de forma utópica, até registrar e dar um CLTzinho para o pessoa, tornando mais nobre o trabalho de todo mundo (sim, sei que tem agência nesse nível, mas são 2 gato pingado).
O que as empresas deveriam fazer para saírem da dependência de agências e contratos ruins?
Para as empresas, o ideal é contratar uma pessoa que pode fundar o time de marketing e growth, pois você não vai precisar de terceiros para fazer isso por você, ou se for o caso, a agência vai fazer apenas a “parte chata” do marketing.
Ou seja, a massa da estratégia, você dentro da empresa é quem faz, e talvez os criativos e a ajuda na mídia paga você terceirize a uma agência.
Recomendo que alguém em sua empresa aprenda sobre Growth Hacking, temos até mesmo um curso muito legal da Growth Lovers, e veja alguns conteúdos que temos sobre esse assunto que é montar equipes de marketing e growth dos sonhos, mesmo com poucos recursos.
Deixo abaixo uma dica de leitura aqui do blog que serve como continuação desse tema:
Como montar uma equipe de Marketing e de Growth Hacking (dos sonhos)?
Quando compensa contratar uma agência de marketing?
Independente ou não de ser um bom negócio, devemos mostrar agora em quais cenários contratar uma agência de marketing é sim um bom negócio e não um tiro no pé (se bem que…)
1) Meu Deus, você tem muito budget!
Sua empresa tem tanto dinheiro mas tanto dinheiro, que não é necessariamente um risco ao negócio não internalizar o trabalho de marketing, redes sociais e afins.
São empresas que normalmente uma pessoa interna se comunica com uma agência, que possui vários profissionais ao dispor desse contato, que normalmente é alguém de marketing, growth e digital.
Conheço empresas que pelo fato do salário médio interno ser alto, é melhor e mais inteligente terceirizar pelo serviço, ainda que fosse melhor sendo feito internamente (polêmico mas é o que muito gestor faz em multinacional, você sabe que é verdade).
Mas não se engane, essas são empresas que contratam as agências premium, aquelas agências renomadas e com um andar na Faria Lima, não as agências fundo de quintal.
2) Seu budget é tão ruim, que te impede ter um funcionário
Ok, esse ponto é contraditório com o que falei de ter muito budget.
Mas pensa comigo, se ter dois colaboradores PJ for muito caro para você e sua empresa, a única saída vai ser terceirizar a esfera de marketing.
Tem muita agência fazendo aquele pacotão arroz com feijão de posts no Insta e Linkedin, estratégia e outras babozeiras por 4 mil reais ao mês.
Se você fosse contratar essas pessoas e profissionais para tal, teria que gastar pelo menos uns 3-4 mil por pessoa, PJ mesmo.
Então ao Sr. Luis da padaria e o tio Zé da loja de doces e produtos de limpeza, realmente vai ser melhor fechar com uma agência, pois ter alguém dentro da empresa fazendo post e anúncio pago etc é inviável.
Então o que você deve concluir: Quem não é uma empresa minúscula ou não é uma empresa com um andar em prédio da Berrini, deve considerar a possibilidade de ter um time de marketing interno ao invés de terceirizar ele!
3) Indicação positiva (alguém recomendou, e com resultados)
Essa opção é muito simples: com tanta reclamação de agências que não dão resultados, se chegar até você uma que realmente entrega e conseguiu provar por cases ou por um amigo seu, não existe nenhum empecilho para que você não conheça o trabalho desses caras.
Afinal, a reclamação por parte de muita gente no Linkedin, onde vejo esses comentários, está no fato do ROI ser negativo.
Basicamente, gasta-se 6 mil por mês e não tem isso de volta em muitos casos (ou ninguém mede nada, não sabe de growth e vira casa da mãe Joana).
Então se a indicação é forte ou as chances de ser uma agência pé de chileno serem mínimas, vá sem medo.
Quando é cilada ter uma agência de marketing?
1)Nem time ou responsável interno de marketing você tem…
Sem uma pessoa para cuidar do seu marketing ou ao menos cuidar do trabalho da agência, fiscalizando e apontando o que deve ser feito em conjunto, é muito perigoso para uma empresa ter uma agência ao seu dispor.
O cenário ideal é você ter ou ir formando um time de marketing dentro da empresa, para que essas pessoas aprendam minuciosamente sobre o que é seu produto ou serviço, e com a experiência possam melhorar os conteúdos, artes e peças publicitárias do negócio.
Como as oportunidades no mundo não são iguais, então recomendo que se tenha um equilíbrio entre o externo e o interno.
Se não há essa balança, a terceirização total do marketing e geração de conteúdo vai ser um problema para você, é só questão de tempo (microempresas não contam aqui).
2) O barato sai caro, eu avisei!
Fechar negócio por estar barato, ainda mais quando se trata de agência de marketing, poderá ser uma cilada enorme.
Isso porque eu já participei de reuniões onde meu gestor prometia o céu e a terra sendo que eu, ali no meu canto, sabia que ia ser entregue metade daquilo.
O contrato era de valor baixo e nossos camaradas internos – no sufoco com três empregos – iam se organizar para dividir ali uns mil reais entre 3 ou 4 pessoas.
E é essa a parte que o cliente é vítima, pois em sua inocência não sabe a bagunça que é dentro de uma agência de marketing e qual a remuneração das pessoas.
Se ele soubesse, não ia ficar pedindo desconto na hora de fechar o contrato, uma vez que se ele é reduzido, o $ das equipes também tende a ser.
Honestamente, você conhece alguém que gastou 2 mil reais com agência X-bacon e que teve resultados? Acho que não.
3) Desconfiar de quem não fala de estratégia e não pergunta da sua empresa
Cara, eu era um CHATO indo atrás das contas que eu fazia trabalhos de Copywriter ou artigos de blog, pois eu queria entender sobre a empresa.
Se você que é cliente acha que é desnecessário, pense comigo, como que a agência vai fazer algo bem feito sem extrair informações do seu produto ou serviço?
Outro problema está nas agências que fazem um único onboarding e acha que isso resolve 12 ou 24 meses de problemas e campanhas nas redes sociais.
Sério, me poupem desse pensamento.
Estratégia é algo que tem que ficar sendo revisitada e até mesmo questionada ao longo dos meses, e nem o cliente faz isso (falta de tempo, não sei), e nem a agência, que fica apagando incêndio de cliente que ameaça sair fora/ quebrar contrato e indo atrás de outros clientes para fechar o mês no positivo.
“Falar de estratégia até o papagaio do meu vizinho fala, repetindo isso em apresentações que nem um bobo.
Raro é quem fala disso somente o necessário, mas age como tal ao ir atrás de você e mostrar as merdas que você anda fazendo em sua empresa, ou mostrando as ideias que ambas as partes tiveram sem sucesso. Isso sim é um bom profisisonal de growth e marketing, o qual eu queria ver nas agências.”
